Fulaninha, a Mulher dos Mil Amores
- Sandy Matos
- 6 de fev. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 14 de fev. de 2019
Fulaninha era só amor. Um coração cheio de ternura e com muita candura ela distribuía seus afetos. Fulaninha era cheia de braços. E abraços ternos ela sempre oferecia a quem deles precisasse. Beijos estalados e afagos carinhosos ela sempre ofertava. Pobre, Fulaninha estava sempre disposta a oferecer amor a quem lhe pedia e não entendia porque tanto se lhe negavam. Fulaninha, tão doce, acolhia em seu peito todos os passantes. Caminhantes que pediam abrigo por tempo curto e que, depois de um surto, logo desapareciam. Fulaninha ficava com a casa suja, poeira, lama e fuga dos que negavam permanência. E, assim, Fulaninha sofria em sua carência. Ah! Fulaninha. Por que te entregas? Por que não negas o teu bem mais precioso? Não sabes que tal o ouro é a valia de teu feito? E lá ía Fulaninha chorar seus lutos e, prestando um culto, ela de seus amores se despedia. E todos que por ela passavam, que em seu peito pisoteavam levavam um pouco de Fulaninha, mas só deixavam adeus e logo partiam. Fulaninha, então, tomou um decisão: cortaria seus longos braços, para que nenhum abraço magoasse seu coração. E poria uma faixa em seus lábios, não ofereceria, nunca mais, os seus beijos estalados. Fulaninha se fechou, negou amor. Trancada em sua cela e em clausura, chorando sua vida dura, Fulaninha se prostrou. Chorou a morte de seus amores, penou as mágoas e suas dores e não houve quem trouxesse flores. Ah! Fulaninha. Sempre tão dada, sempre tão amiga, percebeu que amou sozinha. Ofereceu, sem nada pedir em troca, uma parte de sua vida. Viu que abraçou sozinha, beijou sozinha e, agora, sozinha ela chora sua lida.

E Fulaninha quase desistiu. Até que em um belo dia os olhos dela se abriram e ainda no escuro viram onde estava a cometer grande falha. Então, perplexa e sem fala ela chegou a uma conclusão: Percebeu que buscou nas fontes erradas aquilo que preencheria seu coração. Viu que olhava para os lados, quando era para cima que deveria estar sua visão. Ah, Fulaninha! Que glória! Antes tarde do que nunca para mudar a sua história. Agora Fulaninha era livre. Não mais oferecia amores e o brilho de suas cores ofereceu ao Homem correto. E o belo que havia nela, os beijos e todos os afetos escondeu num lugar secreto.
Fulaninha! Parou de procurar em outros cantos o que já existia nela. Agora é Fulaninha, a mulher das descobertas, pois encontrou o que queria bem guardado dentro dela.
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