Onde Está a Beleza?
- Sandy Matos
- 27 de jan. de 2019
- 2 min de leitura
Dizem que está nos olhos de quem a vê. Será?
Dizem que a beleza está nos olhos de quem vê, mas somente quando esses olhos estão livres dos conceitos e das influências impostas por "falsificadores de padrões". Só é possível enxergar a beleza real quando retiramos os óculos que a mídia nos prescreveu. Nos tornamos míopes quando enxergamos através dessas lentes grossas que distorcem a forma como nos vemos a nós e ao outro. Quem é o Todo-poderoso que, assentado num trono, dita o que é belo e o que não é? Quem é este que acha que criou "O Arquétipo da Perfeição"? Não tem rosto, não tem nome, mas nos influencia com propagandas e anúncios de padrões a serem alcançados. "O belo é ser de tal jeito, ter esta forma e seguir este estilo", diz. E milhares de pessoas, numa busca frenética, se desmancham atrás dessa tal aparência perfeita. Sim, se desmancham, perdem seus caracteres originais, sua forma e seus traços na esperança de alcançar o Nirvana da Formosura. E nesta busca implacável imitamos comportamentos, seguimos ideias e copiamos atitudes. Envolvemos nosso eu real num invólucro fosco, embaçado, que impede que sejamos vistos como realmente somos.

Há um grito ecoando em nossa geração, dizendo que nos libertamos da ditadura da beleza, que agora podemos ser como já somos, com nosso próprio formato, cabelos libertos e aparência natural. Mas o grito encontrou ouvidos moucos e a verdade é que ainda nos encontramos algemados ao carrasco cruel que nos aprisiona ao sentimento de inferioridade. Diante da TV ligada ou das revistas de moda nos comparamos às pseudos pessoas-perfeitas que ali são retratadas. E quantos de nós, depois desse espetáculo de boniteza inatingível nos retiramos para o nosso mundinho particular nos sentindo menores e muito aquém daqueles deuses fabricados. E, desesperados por um pouco desse pó mágico corremos ao mercado e engordamos a indústria da beleza com bocados generosos de nossas medos e incertezas. Ao mesmo tempo que nos dizem que somos belos do jeito que somos tentam nos convencer a adquirir produtos que garantem modificar nossa aparência. Eu diria que a beleza está nos olhos de quem SE vê. De quem enxerga além de seu exterior. É válido usar de certos artifícios para realçar o belo que nos é inerente. Nada contra as maquiagens, pequenas cirurgias corretivas e filtros fotográficos que realçam o que em nós já é bonito. Seria hipocrisia criticar esses métodos de melhoramento. Mas é triste desejar uma modificação radical. É triste nos compararmos e querermos ser semelhantes aos outros. A beleza está justamente no que nos difere, pois somos únicos e especiais. Deveríamos nos alegrar por não sermos iguais. Mas, se quisermos imitar, copiar, que não seja a aparência física, pois esta se deteriora. Imitemos o caráter reto e a alma pura, pois estes são transcendentais.
A beleza está num conjunto de coisas que nos definem: em nossa postura diante da vida; nos aspectos externos e, principalmente, nos que carregamos dentro de nós!
Fiz um poema sobre a beleza. Você o encontra aqui
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